sábado, 10 de março de 2012

Resenha: Vermelho, vivo

Enquanto os deputados do congresso nacional debatem sobre uma lei que obrigaria as editoras brasileiras de HQ a dedicarem 20% de suas tiragens para o produto nacional, já há alguns anos que a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo investe uma pequena parcela de seu orçamento anual para o financiamento de livros e álbuns de autores paulistas através do Programa de Ação Cultural, o Proac, que tem sido valioso para viabilizar a edição de trabalhos que dificilmente chegariam ao público pelos métodos ortodoxos.
Desde 2008 o programa seleciona anualmente dez títulos para serem financiados, exigindo a retribuição de 200 exemplares que serão distribuídos nos espaços de leitura do Estado, além de uma atividade direta do artista, que pode ser uma oficina ou workshop, por exemplo.
Um desses trabalho, publicado no final de 2011, é Vermelho, vivo, drama de violência urbana de autoria de Cristina Judar com os bons desenhos de Bruno Auriema. É o segundo trabalho da dupla, que esteve junta no álbum Lina, publicado em 2009 pela Editora Estação Liberdade, também com verba do Proac.
Vermelho, vivo conta a história de uma jovem sociopata que é flagrada pela segurança de uma loja ao tentar roubar um batom e, para escapar de um processo, aceita a proposta indecente do chefe da segurança.
O paralelo mais correlato que consigo me lembrar para essa história é o longa metragem Um dia de fúria (Falling down, 1993) dirigido por Joel Schumacher, com a excepcional atuação de Michael Douglas no papel de um homem que, encontrando seguidas dificuldades para chegar ao aniversário do filho, adota uma atitude violenta e inconsequente. A diferença em Vermelho, vivo é que o leitor não desenvolve simpatia pela protagonista, que planeja e executa um crime brutal, incriminando um inocente, apenas para encobrir um pequeno furto. Fica a sensação de que os autores concordam que, desde que não se deixe pegar, vale tudo para se defender, mesmo quando se está realmente errado.
Além da narrativa gráfica, o leitor encontra no álbum uma versão literária da história e alguns estudos do ilustrador que não foram aproveitados.
Vermelho, vivo tem 48 páginas e é uma publicação da Devir Livraria.

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